domingo, abril 20

Saudades do meu amigo Maurício Alencar

Alegre. Quase sempre era assim...
Nunca estamos preparados para a morte. Isso é inerente a todos e aqueles que eventualmente dizem o contrário, eu afirmo que mentindo estão. Na sexta-feira a tarde, perdi mais que um companheiro de trabalho ou um exemplo a seguir. Perdi um amigo. Pessoa afável mas rude quando o momento assim o fazia necessário, o que com ele aconteciam poucas vezes.

Conhecia-o pouco até 2006. Por questões políticas - das quais hoje me arrependo - costumava classificar as pessoas em aliadas e adversárias. Eu ainda estava, digamos assim, com os tapados, olhando só para a conveniências políticas. Neste interim, Maurício era alguém do "outro lado". A época era Diretor da Dires ( hoje, Geres ) e portanto, politicamente, um "adversário". Mas via, já neste tempo, alguém competente. 

Trabalhar com ele na Salgueiro FM desde maio de 2006 fez, em pouquíssimo tempo, com que eu ratifica-se a impressão da competência e retifica-se tudo o que eu pensava antes. Vi uma pessoa disposta a ensinar, auxiliar o colega de profissão. Sempre que era impedido de participar e uma transmissão esportiva, tive o prazer e a honra de ser o comentarista, mas jamais direi que o substitui, porque isso seria ( e é ) impossível. 

Ao longo dos anos em que dividimos bancada na Salgueiro FM a admiração virou mútua, tanto que o próprio atuou em minha defesa em 2013, quando ele - já impossibilitado de cumprir os compromissos, afirmando de que não era necessário buscar em outro lugar o comentarista da equipe, pois na própria equipe encontrava-se a solução. Disse, inclusive, que eu seria melhor que ele... até me arrepio só de lembrar disso...

Ele adoeceu. Percebia-se a sua grande dificuldade. Suas últimas participações na Resenha foram, pra ser bem sincero, de cortar o coração. Mas eu, respeitoso, jamais indaguei a ele o que ocorria. Sabia como ele era reservado nestes assuntos. E respeitei isso. 

Publiquei aqui pedido para doações de sangue para ajudar em seu tratamento. Mas seu corpo estava fragilizado pela doença e ele faleceu com infecção generalizada. O transplante transcorreu 100%, mas o corpo precisa de ajuda e esta ele não mais teve.

Assistir uma partida no Salgueirão sabendo que ele jamais voltará ali será uma experiência sempre triste. Mesmo que o seu Náutico ( torcia também pelo Santos ) venha a vencer, ficará sempre um vazio. 

Vai deixar saudades. Aliás, já tinha deixado... Vá com Deus, Maurício Alencar. Vá boêmio, pois "ninguém morre enquanto for lembrado no coração daqueles que lhe amam."


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